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Adicionando um novo disco no Linux

Como adicionar um novo disco (estamos falado de HD e não de qualquer outro tipo de mídia) num Linux?

O escopo deste post é mostrar como configurar um novo disco num Linux, pulando a parte “hardware” da coisa, ou seja, não vamos falar de cabeamento, parafusos e eventuais jumpers.

Uma vez que o disco foi instalado fisicamente na máquina, devemos identificá-lo para prepará-lo e então poder utilizá-lo.

Primeiramente, com o comando “df”, vamos verificar qual é o nosso disco atual:

[root@localhost ~]# df
Filesystem           1K-blocks      Used Available Use% Mounted on
/dev/sda2             19306788   2809356  15516696  16% /
tmpfs                   515428        88    515340   1% /dev/shm
/dev/sda1               297485     31238    250887  12% /boot

 

Com a saída do comando, verificamos que o disco atualmente utilizado é o /dev/sda.

Agora, para identificar o disco novo, podemos executar o comando “dmesg” e procurar por “disk”:

[root@localhost ~]# dmesg|grep disk
sd 1:0:0:0: [sdb] Attached SCSI disk
sd 0:0:0:0: [sda] Attached SCSI disk

 

Se nosso disco em uso é o “sda” e agora temos um “sdb”, acabamos de identificar nosso disco recém adicionado.

Com o disco identificado, agora vamos prepará-lo para utilizar no Linux. Preparar consiste basicamente em particionar e formatar o disco.

Para particionar, usaremos o comando “fdisk”:

[root@localhost ~]# fdisk /dev/sdb

WARNING: DOS-compatible mode is deprecated. It's strongly recommended to
         switch off the mode (command 'c') and change display units to
         sectors (command 'u').

 

Ok, vamos sair do modo de compatibilidade DOS e utilizar setores como medida de unidades:

[root@localhost ~]# fdisk -cu /dev/sdb
Command (m for help):

 

No fdisk, digitamos “p” para mostrar informações sobre o disco como as partições atuais (que no nosso caso, não existem):

Command (m for help): p
Disk /dev/sdb: 10.7 GB, 10737418240 bytes
 255 heads, 63 sectors/track, 1305 cylinders, total 20971520 sectors
 Units = sectors of 1 * 512 = 512 bytes
 Sector size (logical/physical): 512 bytes / 512 bytes
 I/O size (minimum/optimal): 512 bytes / 512 bytes
 Disk identifier: 0x62e8c07a
Device Boot      Start         End      Blocks   Id  System
Command (m for help):

 

Se não temos partições, vamos criar uma:

 Command (m for help): n
Command action
   e   extended
   p   primary partition (1-4)
p
Partition number (1-4): 1
First sector (2048-20971519, default 2048):
Using default value 2048
Last sector, +sectors or +size{K,M,G} (2048-20971519, default 20971519):
Using default value 20971519
Command (m for help):

 

E então listar essa nova partição criada:

Command (m for help): p

Disk /dev/sdb: 10.7 GB, 10737418240 bytes
107 heads, 17 sectors/track, 11529 cylinders, total 20971520 sectors
Units = sectors of 1 * 512 = 512 bytes
Sector size (logical/physical): 512 bytes / 512 bytes
I/O size (minimum/optimal): 512 bytes / 512 bytes
Disk identifier: 0x62e8c07a

   Device Boot      Start         End      Blocks   Id  System
/dev/sdb1            2048    20971519    10484736   83  Linux
Command (m for help):

 

Por padrão, o tipo de partição criada é “Linux”. Este tipo é utilizado para sistemas de arquivo do tipo Ext2/Ext3/Ext4, por exemplo.

Se estiver apenas adicionando um disco e não quiser utilizá-lo com LVM, pode ignorar os próximos passos, salvar as alterações na tabela de partições (digitando “w” no fdisk) e ir direto para o comando “mkfs.ext4”, mais ao final do texto. Caso queira utilizar LVM, continue lendo.

Para  utilizar a partição com LVM, deve-se mudar o tipo de partição. Para isso, ainda no fdisk, digite “t” e mude o tipo para “8e” (Linux LVM):

Command (m for help): t
 Selected partition 1
 Hex code (type L to list codes): 8e
 Changed system type of partition 1 to 8e (Linux LVM)
Command (m for help):

 

Vamos listar a tabela de partições para verificar as modificações:

Command (m for help): p
Disk /dev/sdb: 10.7 GB, 10737418240 bytes
 255 heads, 63 sectors/track, 1305 cylinders, total 20971520 sectors
 Units = sectors of 1 * 512 = 512 bytes
 Sector size (logical/physical): 512 bytes / 512 bytes
 I/O size (minimum/optimal): 512 bytes / 512 bytes
 Disk identifier: 0x62e8c07a
Device Boot      Start         End      Blocks   Id  System
 /dev/sdb1            2048    20971519    10484736   8e  Linux LVM
Command (m for help):

 

Se estiverem OK, basta salvar as mudanças e sair do fdisk (comando “w”):

Command (m for help): w
 The partition table has been altered!
Calling ioctl() to re-read partition table.
 Syncing disks.

 

De volta ao bash, podemos verificar se as mudanças realmente foram salvas com:

[root@localhost ~]# fdisk -cul /dev/sdb
Disk /dev/sdb: 10.7 GB, 10737418240 bytes
 107 heads, 17 sectors/track, 11529 cylinders, total 20971520 sectors
 Units = sectors of 1 * 512 = 512 bytes
 Sector size (logical/physical): 512 bytes / 512 bytes
 I/O size (minimum/optimal): 512 bytes / 512 bytes
 Disk identifier: 0x62e8c07a
Device Boot      Start         End      Blocks   Id  System
 /dev/sdb1            2048    20971519    10484736   8e  Linux LVM

 

Até aqui temos partição criada e tipo modificado para Linux LVM. Devemos então criar um volume físico para o LVM. Isso pode ser feito com o comando “pvcreate”:

[root@localhost ~]# pvcreate /dev/sdb1
 Writing physical volume data to disk "/dev/sdb1"
 Physical volume "/dev/sdb1" successfully created

 

Então vamos visualizar algumas informações sobre este novo volume físico criado:

 [root@localhost ~]#  pvs
 PV         VG   Fmt  Attr PSize  PFree
 /dev/sdb1       lvm2 a--  10.00g 10.00g

 

E visualizar os atributos deste volume:

 [root@localhost ~]# # pvdisplay
 "/dev/sdb1" is a new physical volume of "10.00 GiB"
 --- NEW Physical volume ---
 PV Name               /dev/sdb1
 VG Name
 PV Size               10.00 GiB
 Allocatable           NO
 PE Size               0
 Total PE              0
 Free PE               0
 Allocated PE          0
 PV UUID               XqqgNn-WYhy-NFA8-ntae-hVVw-4wrl-uHy2fK

 

Em um volume físico, precisamos criar Volume Groups, que são as estruturas lógicas onde finalmente vamos armazenar os dados.

Para listar informações sobre os volume groups, usamos o comando “lvs”:

[root@localhost ~]# lvs
 No volume groups found

 

No nosso caso, ainda não temos nenhum criado. Vamos criar um volume group chamado “vg_teste” neste disco que acabamos de particionar e adicionar um volume físico, para isso, usaremos o comando “vgcreate”:

[root@localhost ~]# vgcreate vg_teste /dev/sdb1
 Volume group "vg_teste" successfully created

 

Para listar informações sobre os Volume Groups, podemos usar o comando “vgs”:

[root@localhost ~]# vgs
 VG       #PV #LV #SN Attr   VSize  VFree
 vg_teste   1   0   0 wz--n- 10.00g 10.00g

 

Se executarmos o comando “pvs” novamente iremos observar que a coluna “VG” agora está preenchida com o nosso “vg_teste” recém criado:

[root@localhost ~]# pvs
 PV         VG       Fmt  Attr PSize  PFree
 /dev/sdb1  vg_teste lvm2 a--  10.00g 10.00g

 

Tendo um volume group criado, podemos criar um ou mais volumes lógicos. A grande vantagem de trabalharmos com volumes é poder facilmente adicionar e/ou remover espaço de um volume lógico. Se tivermos espaço livre disponível no volume group, podemos adicionar espaço a um volume lógico sem sequer ter que parar o sistema.

Para criar um volume lógico, usamos o comando “lvcreate”:

[root@localhost ~]# lvcreate -L 10G -n lv_teste vg_teste
 Volume group "vg_teste" has insufficient free space (2559 extents): 2560 required.

 

Um ponto a se observar é que quando criamos o volume group alocamos 10 Gbytes para o mesmo mas agora não pudemos fazer o mesmo para o volume lógico, por que?

Todos os volumes são divididos em partes menores, chamadas “extents”. Uma extent é a menor parte alocável de um volume e, sempre que criamos um volume, uma extent é reservada e não podemos utilizá-la. Então nossa possibilidade de uso de um volume pode ser definida como “tamanho total do volume menos uma extent”.

Vamos ver com “vgdisplay” quantas extents temos livres no nosso volume group. Basta procurar a linha “Free  PE / Size” e observarmos que temos 2559 ao invés das 2560 necessárias para 10 Gbytes:

[root@localhost ~]# vgdisplay
 --- Volume group ---
 VG Name               vg_teste
 System ID
 Format                lvm2
 Metadata Areas        1
 Metadata Sequence No  1
 VG Access             read/write
 VG Status             resizable
 MAX LV                0
 Cur LV                0
 Open LV               0
 Max PV                0
 Cur PV                1
 Act PV                1
 VG Size               10.00 GiB
 PE Size               4.00 MiB
 Total PE              2559
 Alloc PE / Size       0 / 0
 Free  PE / Size       2559 / 10.00 GiB
 VG UUID               Mv0C69-2t56-tPSI-rNX9-cUcj-r28q-89tgSp

 

Então vamos criar um volume lógico novamente mas, ao invés de pedirmos 10 GB de tamanho (parâmetro “-L 10G”), vamos pedir 2559 extents (parâmetro “-l 2559”):

[root@localhost ~]# lvcreate -l 2559 -n lv_teste vg_teste
 Logical volume "lv_teste" created

Então executamos vgdisplay novamente para verificar que a linha “Alloc PE / Size” passou a mostrar “2559 / 10.00 GiB” ao invés de “0 / 0” que estava anteriormente:

 [root@localhost ~]# vgdisplay
 --- Volume group ---
 VG Name               vg_teste
 System ID
 Format                lvm2
 Metadata Areas        1
 Metadata Sequence No  2
 VG Access             read/write
 VG Status             resizable
 MAX LV                0
 Cur LV                1
 Open LV               0
 Max PV                0
 Cur PV                1
 Act PV                1
 VG Size               10.00 GiB
 PE Size               4.00 MiB
 Total PE              2559
 Alloc PE / Size       2559 / 10.00 GiB
 Free  PE / Size       0 / 0
 VG UUID               Mv0C69-2t56-tPSI-rNX9-cUcj-r28q-89tgSp

 

O comando pvdisplay também mostrará que temos todo o volume alocado:

[root@localhost ~]# pvdisplay
 --- Physical volume ---
 PV Name               /dev/sdb1
 VG Name               vg_teste
 PV Size               10.00 GiB / not usable 3.00 MiB
 Allocatable           yes (but full)
 PE Size               4.00 MiB
 Total PE              2559
 Free PE               0
 Allocated PE          2559
 PV UUID               TvGETI-FbsG-0UWt-4v0N-TwT5-bfnj-IZZsQ0

 

E o comando “lvs” listará todos os volumes lógicos criados:

[root@localhost ~]# lvs
 LV       VG       Attr     LSize  Pool Origin Data%  Move Log Copy%  Convert
 lv_teste vg_teste -wi-a--- 10.00g

 

Com todos os passos executados, basta formatar o volume lógico com o comando “mkfs.ext4”. Neste ponto, se escolheu não utilizar volumes, substitua o caminho para sua partição que neste caso seria /dev/sdb1:

[root@localhost ~]# mkfs.ext4 /dev/mapper/vg_teste-lv_teste
 mke2fs 1.41.12 (17-May-2010)
 Filesystem label=
 OS type: Linux
 Block size=4096 (log=2)
 Fragment size=4096 (log=2)
 Stride=0 blocks, Stripe width=0 blocks
 655360 inodes, 2620416 blocks
 131020 blocks (5.00%) reserved for the super user
 First data block=0
 Maximum filesystem blocks=2684354560
 80 block groups
 32768 blocks per group, 32768 fragments per group
 8192 inodes per group
 Superblock backups stored on blocks:
 32768, 98304, 163840, 229376, 294912, 819200, 884736, 1605632
Writing inode tables: done
 Creating journal (32768 blocks): done
 Writing superblocks and filesystem accounting information: done
This filesystem will be automatically checked every 27 mounts or
 180 days, whichever comes first.  Use tune2fs -c or -i to override.

 

Poderíamos parar por aqui mas não quero que meu disco seja testado a cada 27 montagens ou 180 dias, que são os valores padrão. Então, com “tune2fs”, vamos mudar para ele nunca mais checar automaticamente:

[root@localhost ~]# tune2fs -c0 -i 0 /dev/mapper/vg_teste-lv_teste
 tune2fs 1.41.12 (17-May-2010)
 Setting maximal mount count to -1
 Setting interval between checks to 0 seconds

 

E para montar o volume automaticamente em todo boot do sistema, vamos colocá-lo no arquivo /etc/fstab. Para isso, vamos identificar o “id” do volume, com o comando “blkid”:

[root@localhost ~]# blkid /dev/mapper/vg_teste-lv_teste
 /dev/mapper/vg_teste-lv_teste: UUID="fe556bcb-879a-4537-92cd-2d40519089df" TYPE="ext4"

 

Criar um diretório onde iremos montar este volume:

[root@localhost ~]# mkdir /teste

 

E adicionar uma linha ao final do /etc/fstab com o id do volume, diretório e demais parâmetros necessários:

[root@localhost ~]# echo "UUID=fe556bcb-879a-4537-92cd-2d40519089df /teste ext4 defaults 0 0" >> /etc/fstab

 

Montamos todos os dispositivos contidos no /etc/fstab:

[root@localhost ~]# mount -a

 

E por fim verificamos se está tudo OK.

[root@localhost ~]# df
Filesystem           1K-blocks      Used Available Use% Mounted on
/dev/sda2             19306788   2809160  15516892  16% /
tmpfs                   515428        88    515340   1% /dev/shm
/dev/sda1               297485     31238    250887  12% /boot
/dev/mapper/vg_teste-lv_teste
10317112    154100   9638932   2% /teste

 

Pronto, nosso volume lógico “lv_teste”, contido no volume group “vg_teste”, identificado como “/dev/mapper/vg_teste-lv_teste” foi montado no diretório “/teste”.

No dia a dia, não precisamos executar alguns dos comandos citados neste post. Estes foram citados para facilitar a visualização do processo. Um fluxo resumido para obter o mesmo resultado seria executar os comandos “fdisk”, “pvcreate”, “vgcreate”, “lvcreate”, “mkfs.ext4”, “mkdir” e “mount” com os respectivos parâmetros.

Para um computador pessoal, onde não há muita “movimentação” de discos, não é obrigatório utilizar volumes de disco.

A clara vantagem de se utilizar volumes de disco será vista num próximo post onde irei mostrar como adicionar um segundo disco num volume já existente (o que criamos aqui) e somar suas capacidades fazendo o sistema operacional “enxergar” como se fosse um único disco maior.